14/01/2013

Silver Linings Playbook (2012)


[spoiler]

A elevação da - por vezes mal tratada - comédia romântica.

Longe vão os tempos em que ter Robert De Niro num elenco era sinónimo de qualidade. Mas recentes são os tempos em que ter um Bradley Cooper e uma Jennifer Lawrence representa habilidade e popularidade. E assim, para estranheza de muitos críticos e “opinadores” da praça pública nacional e internacional, David O. Russell com Silver Linings Playbook conseguiu um De Niro, um Cooper e uma Lawrence com qualidade, talento e sucesso.
Baseado num romance de Matthew Quick, o filme foi nomeado para 8 Óscares e além destas, já recebeu mais 47 nomeações e venceu 18 prémios nos mais conceituados festivais de cinema.

Bradley Cooper é Pat Solatano – um professor substituto de História que perdeu a mulher, o trabalho, a casa e o juízo. Depois de agredir violentamente o amante da mulher, foi condenado a passar 8 meses numa instituição estatal (de saúde mental).
Passados os meses de recuperação, Pat regressa à casa dos pais – Pat Sr. (Robert De Niro) e Dolores (Jacki Weaver). Tudo podia ser melhor neste regresso a casa, se os próprios pais de Pat fossem “normais”, mas não são. O pai está desempregado e resolveu fazer dinheiro através de apostas ilegais e a mãe vive atormentada para tentar manter a normalidade, mas os picos máximos da sua vida, acontecem quando cozinha fritos para todos comerem nos dias de jogos. A vida de ambos gira em torno dos Philadelphia Eagles – uma paixão desportiva que depressa resvala para a fixação e superstição. Mas apesar de tudo, Pat Sr. e Dolores esforçam-se por dar a Pat estabilidade e anseiam por que oriente a sua vida, de forma a ser feliz.




E também é isso que Pat quer. Reconstruir a vida, ser optimista e sobretudo reconciliar-se com a mulher. Tarefa difícil, pois ela abandonou-o e há uma ordem de restrição a separá-los. Na tentativa de regressar à normalidade e alcançar a felicidade, Pat conhece Tiffany (Jennifer Lawrence) – uma jovem viúva, também ela problemática. Entre Pat e Tiffany acontece uma empatia imediata, e a jovem na sua maneira diferente de ser, oferece-se para ajudar Pat a reconquistar a mulher, exigindo em troca, que Solatano faça algo que para ela é muito importante – participar num concurso de dança.
E desta união vai surgir um inesperado vínculo entre os dois e ambos vão perceber que a felicidade não está assim tão longe nem é impossível de atingir. Para aqueles que ainda não viram o filme, o resto ficará na vossa imaginação, porque este é um filme “a ver”.




Analisando assim à distância, o filme parece não ter nada de especial, é um romance com uma história igual a outras tantas que já vimos. Problemas de saúde mental cruzam-se com o amor e a procura incessante pela felicidade. No entanto, o filme é encantador. Será a sua simplicidade aliada a grandes interpretações? Acho que sim. Bradley transmite a insanidade e tranquilidade da personagem. Jennifer, a instabilidade e o desejo pela normalidade e De Niro, depois de milhares de caricaturas à sua própria velhice, consegue acertar na interpretação, com algum humor, mas muita assertividade.
No filme, os “alicerces” de Pat são tão disfuncionais como ele é. O equilíbrio entre as expulsões emocionais, os desabafos sentidos, e a exactidão dos diálogos, prova – mais uma vez - que Russell (também ele responsável pelo argumento do filme) consegue perceber muito bem a intricada condição humana.

Um último destaque para a banda sonora do filme (da responsabilidade de Danny Elfman) – sempre numa perfeita harmonia com as cenas e diálogos.


A melhor cena do filme: o diálogo a meio da noite entre Pat e os pais sobre Hemingway.
O menos bom: acho que queria mais Chris Tucker, mas não tenho a certeza. 



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