30/03/2013

Crítica. Promised Land (Gus Van Sant / 2013)

Título em português: Terra Prometida
Estreia em Portugal: 28.03.2013



 - spoiler -


Do mesmo homem que nos trouxe Drugstore Cowboy, My Own Private Idaho, Good Will Hunting, Elephant e Paranoid Park (estes dois últimos, estão no top dos meus filmes favoritos), entre tantos outros, chega Promised Land, com argumento de John Krasinski e Matt Damon. Promised Land é o novo filme de Gus Van Sant e é um filme simples sobre um tema simples. Ou não?

Matt Damon é Steve Butler um agente / angariador de clientes que representa uma empresa petrolífera multinacional - Global Crosspower Solutions. Steve e Sue Thomason (Frances McDormand) - a sua colega, embarcam numa viagem à América rural (quase) desconhecida. 
Tal como no restante mundo, mas de forma mais dissimulada, também os EUA estão em crise económica. Os dois colegas acreditam que a sua viagem será um sucesso, pois, quando um cliente assina a cedência dos seus terrenos para perfurações de "gás natural" recebem muito dinheiro em troca. 
E é aqui que entra a eterna máxima "dinheiro nem tudo compra", e as dúvidas na pequena localidade surgem. É que o sistema de perfuração e suposta inocência do "produto vendido" não é assim tão clara. O professor Frank Yates (Hal Holbrook)  suscita publicamente os problemas ambientais e de saúde pública que tais modificações no terreno podem provocar. Noble convida os seus conterrâneos a pensarem "por eles próprios" invés de pensarem somente nas questões monetárias. 





O movimento contra a empresa de Steve e Sue ganha um impulso extra quando à localidade chega um representante de uma associação naturalista Dustin Noble (John Krasinski) - que se tornará um problema pessoal e profissional para os agentes.
Longe da complexidade emotiva de um Paranoid Park ou de uma intrincada história como Drugstore Cowboy (por exemplo), Promised Land é uma critica à exploração desmesurada das terras nos Estados Unidos. É um apontar de dedo à capitalização dos terrenos e à apropriação não só das terras, mas das mentes. É uma chamada de atenção ao poder que temos em pensar enquanto seres humanos individuais e não como seres colectivos movidos pela ganância e pelas massas eufóricas da (quase em vias de extinção) democracia. 

A personagem escolhida para representar esta mudança de atitude sistémica é a de Matt Damon. Steve começa a perceber que nem ele próprio acredita "naquilo que vende". Sobretudo quando percebe que a contra-argumentação, levada a cabo pela suposta associação ambientalista é, também ela, uma falcatrua da Global Crosspower Solutions. 
Mas, apesar de ser o capitalismo (levado a um extremo) o alvo abater no filme, parece-me que Van Sant o fez de forma muito light, quase a medo. O expectador fica a pensar na potência extrema de uma empresa daquele género, mas ficamos só nós a pensar, porque no filme há como que um fim pouco explicado e abrupto.

Bem filmado, com actores que não se esforçam em dotar o filme com grandes interpretações, pois já se sabe que são bons - mas apesar disto, uma palavra de apreço a Frances McDormand - que sempre que entra em cena "enche a sala". Com um argumento simples, fica na fronteira / limbo de não se perceber se o realizador queria dizer mais ou se era "só" uma chamada de atenção para o poderio da industria petrolífera mundial e os problemas que este "poder" acarreta. A ideia foi transmitida, mas pouco.


Nota:

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