Viva, em primeiro lugar e antes de referir qual o filme que escolhi, queria de certa forma justificar um pouco a minha escolha. Como primeiro pensamento, tentei fugir ao mercado comercial e cingir-me a filmes de outros tempos, menos main-stream. Podia ter escolhido a Medeia do Pasolini, um das loiras do Hitchcock ou uma das mulheres do Woody Allen, contudo desloquei-me ao Japão para escolher a obra de um português, porque temos que valorizar aquilo que é nosso e um autor que está esquecido por muitos. Falo de Paulo Rocha e do seu documentário, A ilha de Moraes. Os que viram, já devem saber certamente porque o escolhi, apesar de ter sido realizado por um homem e sobre um homem (Venceslau de Moraes). Os que não viram, vou-vos tirar as dúvidas, não escolhi uma, mas sim duas mulheres, as duas mulheres de Venceslau de Morais que foi um escritor de nacionalidade que viveu grande parte da sua vida no Japão, por causa (não num sentido maldoso) de duas mulheres.
Ó-Yoné, a sua primeira mulher japonesa (já tinha sido casado antes com uma chinesa) e Ko-haru, a segunda, ambas com personalidades totalmente diferentes, talvez por isso o tenham marcado tanto. Ao ver o filme, lembrei-me de uma frase do Truffaut que dizia algo como um filme sem mulheres é um filme triste, também a vida de Venceslau teria sido uma vida mais triste, não fosse Ko-haru e Ó-Yoné. Ko-haru era uma mulher mais imprevisível, uma mulher de mais sangue quente, enquanto que Ó-Yoné, uma mulher mais simples, mais calma e talvez mais tímida. Pode soar mal aquilo que vou dizer, mas com a morte de Ó-Yoné, só outra mulher poderia ter levantado Morais do chão, Ko-haru, curiosamente sobrinha da falecida Ó-Yoné. Mas voltando ás personalidades das duas japonesas, a dado momento a mulher que acompanha Paulo Rocha no seu documentário, o seu nome era Ekiji, senão estou em erro, uma mulher que quando era criança conheceu Venceslau e via o seu quotidiano, pergunta a Paulo se preferia uma Ó-Yoné ou uma Ko-haru. Paulo Rocha com alguma hesitação escolheu Ko-haru, o que surpreendeu Ekiji. Digo isto em jeito de conclusão porque todos nós precisamos das nossas Ko-harus e das nossas Ó-Yonés.
Ó-Yoné, a sua primeira mulher japonesa (já tinha sido casado antes com uma chinesa) e Ko-haru, a segunda, ambas com personalidades totalmente diferentes, talvez por isso o tenham marcado tanto. Ao ver o filme, lembrei-me de uma frase do Truffaut que dizia algo como um filme sem mulheres é um filme triste, também a vida de Venceslau teria sido uma vida mais triste, não fosse Ko-haru e Ó-Yoné. Ko-haru era uma mulher mais imprevisível, uma mulher de mais sangue quente, enquanto que Ó-Yoné, uma mulher mais simples, mais calma e talvez mais tímida. Pode soar mal aquilo que vou dizer, mas com a morte de Ó-Yoné, só outra mulher poderia ter levantado Morais do chão, Ko-haru, curiosamente sobrinha da falecida Ó-Yoné. Mas voltando ás personalidades das duas japonesas, a dado momento a mulher que acompanha Paulo Rocha no seu documentário, o seu nome era Ekiji, senão estou em erro, uma mulher que quando era criança conheceu Venceslau e via o seu quotidiano, pergunta a Paulo se preferia uma Ó-Yoné ou uma Ko-haru. Paulo Rocha com alguma hesitação escolheu Ko-haru, o que surpreendeu Ekiji. Digo isto em jeito de conclusão porque todos nós precisamos das nossas Ko-harus e das nossas Ó-Yonés.
Finalmente, queria pedir desculpa por ter “masculinizado” um pouco a conversa, mas a verdade é que Venceslau de Moraes, nunca teria sido o escritor que foi sem Ko-haru e Ó-Yoné, que sentia tanto a sua falta que lhes dedicou o tempo de vida que ainda lhe restava para poder ir ter os dias ao seus túmulos, elas que tinham as suas campas lado-a-lado, não porque Venceslau era dono delas ou elas lhe eram subservientes mas porque Venceslau as valorizou da melhor maneira que pôde, nunca as deixando esquecer mesmo após a morte que elas foram as suas fieis companheiras.
Assim concluo a minha participação nesta iniciativa, bastante louvável e que certamente merecerá ser acompanhada. Obrigado Sofia pelo convite.
Fotobiografia de Wenceslau de Moraes. Cherry Blossom at Noge Hill, Yokohama. Kobe, 28 de Fevereiro de 1910 – Bilhete postal enviado por Wenceslau de Moraes para Maria Joaquina Campos, Lisboa. |
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