Título em Portugal: Antes da Meia-Noite
Data de estreia: 06.Junho.2013
Jesse e Celine regressam à tela nove anos depois de Before Sunset e 18 depois de Benfore Sunrise. Neste período de interregno – nós os fãs - divagámos, sonhamos, vaticinamos e ansiámos por saber o que tinha aconteceu a estes ao casal pelo qual nos apaixonamos. Depois de partilharem uma viagem de comboio, Celine e Jesse são finalmente um casal e orgulhosos progenitores de duas filhas gémeas.
O casal está de férias na Grécia – o último dia de férias. Aquele amor e paixão que vivenciamos nos dois filmes anteriores têm agora contornos diferentes. A característica de imortalidade e singularidade que a relação do casal tinha, deu agora lugar a uma crise. O casal maravilha afinal é composto por dois seres humanos e comuns mortais.
As dúvidas, inseguranças e incertezas do passado vêm à tona das discussões. As eternas questões assolam o casal: “será esta a vida que quero para mim? Será que queremos isto para nós? Será que ainda nos amamos? Será que ainda existe desejo? E mais uma vez o filme-diálogo tem em Ethan Hawke e Julie Delpy a base e sustentabilidade. As interpretações que fazem são naturais – talvez o facto de terem sido - também eles - intervenientes no processo de construção das personagens lhes tenham dado mais empatia e cumplicidade para com Jesse e Celine. Os diálogos são mais ríspidos e crus. Não são de sonho, de futuro ou de eternas juras de amor. São humanos e vividos.
Trabalho, família, comodidade, relaxe, repetição, apatia, etc. São elementos que fazem com que a paixão e amor que Celine e Jesse sentiam um pelo outro se dissolva lentamente e o fim do sonho parece estar cada vez mais perto.
O argumento do filme é – novamente – delicioso. Mordaz, bem-humorado, inteligente e real. Rick Linklater é inquestionavelmente um mestre do “romance indie”. Ao longo dos três filmes assistimos ao seu amadurecimento enquanto realizador sem nunca perder as características identificadoras: a realização, os diálogos, os cenários, a forma como filma o tempo, a intimidade, as emoções. Este amadurecimento também é sentido em Delpy e Hawke, quer a nível da interpretação, quer a nível da escrita.
Nenhum dos três filmes é acessível ao público em geral e sentir-se meio termo por qualquer um dos três filmes é impossível. Ou se gosta, ou se odeia. No entanto, até aqueles que odeiam, devem ser capazes de admitir que esta trilogia é incrivelmente bem feita.
E agora, num momento de pura confissão, digo-lhes que odeio a personagem Celine com todas as forças do meu ser. Celine não é o retrato da mulher comum, aliás muito pelo contrário é instável e parece sofrer de algum transtorno bipolar. Mas, se assim não fosse, os filmes de Linklater certamente não seriam tão perfeitos.
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