05/03/2016

Breathe In | Drake Doremus. 2013



A chegada de Sophie (Felicity Jones) uma estudante inglesa de 18 anos à casa de Keith e Megan Reynolds (Guy Pearce e Amy Ryan) e da filha do casal - Lauren, interpretada por Mackenzie Davis em Nova York vai alterar a dinâmica daquela que aparentava ser uma família perfeita e feliz. 


Nos minutos iniciais do filme conhecemos um marido, pai e professor Keith Reynolds que é apresentado sentado sozinho no seu escritório localizado numa casa perfeita e tranquila localizada perto de Nova Iorque. A sua mulher Megan e a sua filha Lauren  parecem felizes mas o homem não tem as pazes feitas com o seu destino e com a sua situação actual. Keith expressa melancolia ao olhar para fotografias antigas da sua juventude e da sua imagem de jovem estrela de rock. Enquanto que a mulher não sente saudades do passado e vive acomodada e feliz com a vida pacata e monótona que tem nos subúrbios.  

Reynolds já não é uma estrela rock, mas continua ligado à música, não só pela carreira de professor mas porque é violoncelista substituto numa orquestra de música sinfónica de Manhattan. Para a mulher este aspecto não passa de um hobbie, para ele o assunto não é tão diminuto. Keith anseia por transformar-se no violoncelista principal da orquestra e com isso abandonar a carreira de professor. 

Perante este cenário instável, a chegada de Sophie Williams vai abalar ainda mais a família e sobretudo Keith. A inglesa é bonita, sofisticada, madura e é uma pianista talentosa que toca desde pequena, mas cujo percurso de vida levou-a a querer abandonar a música. 

Incentivados pela paixão em comum pela música, a atracção entre Keith e Sophie é imediata mas o realizador de Breathe In esforça-se por enfatizar que esta não é a história de um predador sexual ou de uma "Lolita" mas sim a história de uma empatia fatal de interesses. Assim, apesar de nenhuma das partes procurar uma relação, há uma variedade de factores que parece estar a empurrá-los para que isso aconteça, incluindo a circunstância de que ambos têm as suas vidas criativas mal resolvidas. 








O realizador Drake Doremus (que também tem créditos no que à escrita diz respeito) criou um interessante retrato sobre a intimidade de um casamento, sobre os diferentes sentimentos e ambições de um marido e de uma mulher, as inseguranças de uma filha adolescente e um romance de curta duração mas nada banal. 

Breathe In explora uma paixão frágil, honesta, intima e replecta de intimidade e de envolvimento emocional. Parte da intensidade do filme resulta do método de trabalho do realizador, quase de improviso. Começa com um esboço detalhado que dá origem a várias páginas para cada cena. De seguida vem um período de ensaio e depois um processo alargado que resulta nas personagens e nas suas histórias / retratos.

Esta técnica só tem sucesso porque Jones e Pearce são actores capazes e conseguem efectivamente transmitir as emoções necessárias. Apesar de não ser fácil abstrair-mo-nos do facto de que Felicity Jones já ter 30 anos (em 2013) mas a actriz contorna esse aspecto, dotando a personagem Sophie com maturidade natural. 

O argumento está muito longe de ser perfeito. Há vários problemas e pontas soltas na forma como a história é contada. Precisava de ser mais ousado, precisávamos que a maturidade de Sophie se fizesse notar de uma forma mais física, no entanto, a forma como é filmado, a fotografia assombrosa de John Guleserian e a extraordinária banda sonora de Dustin O'Halloran fazem com que o filme passe de mediano a belo. 





“I want you to steal me away,

that’s what I want you to do.”


Veredicto: Pouco ousado mas extremamente bonito.

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Official Soundtrack:

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