04/08/2013

Opinião | The Bling Ring | Sofia Copolla. 2013

Título em Portugal: Bling Ring: O Gangue de Hollywood
Data de estreia: 08.08.2013







Sofia Copolla escreveu o argumento em conjunto com a autora do artigo de 2010, denominado The Suspects Wore Louboutins (in Vanity FairNancy Jo Sales
Baseado na história verídica de um grupo de adolescentes mimados, com demasiado tempo livre e obcecados com roupas e acessórios de marcas, que aproveitaram a ingenuidade de algumas celebridades de Hollywood Hills, para assaltarem as suas casas. Através das redes sociais, sites e blogs cor-de-rosa, controlavam os horários e as viagens das celebridades. Depois bastava descobrir as suas moradas e o self-service iniciava-se.
Não existiam arrombamentos ou estragos, as portas dos famosos estavam abertas e os alvos eram simplesmente os armários de roupas e sapatos e os guarda-jóias. No rol das celebridades afectadas estão nomes como Paris Hilton, Lindsay Lohan, Megan Fox, Rachel Bilson, Audrina Patridge, Orlando Bloom e Miranda Kerr.
Os diálogos do filme são ocos, frios e desprovidos de emoção, tal como eram os actos daqueles que praticavam os roubos. Mas os mesmos diálogos e actos também apontam o dedo à sociedade oca em que estes ocorreram. Diálogos superficiais envoltos numa banda sonora muito competente criada por Daniel Lopatin Brian Reitzell, o filme é um desfile de luxos, que vão de casas fabulosas, a carros de luxo, sapatos de milhares de dólares, peças de joalharia únicas e malas de todas as cores e feitios. 

A futilidade do filme é propositada, facto mais que provado quando assistimos à entrevista de Nicki (Emma Watson) e da sua mãe Laurie (Leslie Mann) à Vanity Fair. 
Os adolescentes eram destemidos  e desprovidos de medo. Mostravam publicamente - nas mesmas redes sociais em que traçavam a vida diária dos seus alvos - tudo aquilo que roubavam e contavam aos amigos, onde tinham estado. Partilhavam festas e espaços com aqueles que assaltavam. Luxo atrai luxo. Aparências atraem falsas aparências. 
O mais curioso é que, estes ladrões ficaram igualmente famosos. 




Quando alguém que cresceu entre a elite de Hollywood arrisca retratar uma história real sobre luxos e roubos de uma "nova elite emergente" na cidade, não deixa de ser curioso e arriscado.
Tal como os tempos, também a cidade e a "fábrica sucesso" mudaram. Os actores de carreiras sólidas e trabalho visível, são subsistidos por estrelas de reality shows, modelos, filhos de actores e de empresários de sucesso. Surgem caras bonitas que servem de manequins andantes para circularem com marcas de grandes casas da moda. É certo que Hollywood sempre foi intima da moda, mas aquilo que era o glamour de uma Audrey Hepburn ou Grace Kelly (entre tantas outras) é agora uma banalidade digna de desfiles de vaidades.  

Sofia Coppola conhece muito bem este mundo. Ela faz parte da realeza de Hollywood. Mas, conhece igualmente bem a moda e todos os detalhes a ela associados. Sofia trabalhou durante dois anos com Karl Lagerfeld em Paris, praticando a arte da fotografia, arte esta que continua a fazer grande parte da sua carreira e tem periodicamente trabalhos feitos para a Vogue, Interview e Allure. 
Expôs a suas fotografias em conceituadas galerias e criou uma linha de roupas, denominada Milk Fed - vendida única e exclusivamente no Japão. 
No ano de 2002 foi a musa inspiradora de Marc Jacoks, que criou um perfume em sua homenagem e para a campanha do mesmo, Coppola foi fotografada por Juergen Teller.

A carreira de Sofia no cinema, só pode ser entendida de forma completa e correcta, se todos estes elementos estéticos da sua profissão e personalidade, forem conhecidos e percebidos. A realizadora aproveitou bem a história surreal e verídica deste roubos para mostrar - por vezes num tom de ironia - que o público de hoje venera personalidades ocas, que posam para revistas e fotógrafos, com marcas da cabeça aos pés, e que (com algumas excepções) as suas carreia são só isso, e pouco mais.
E para completar todo o marketing ao filme, e num acto de pura inteligência estética, Sofia Coppola fotografou Paris Hilton, na sua mansão de Beverly Hills para a revista ELLE.







“I just think we wanted to be part of the, like, the lifestyle,

the lifestyle that everybody kind of wants.”



Nota:


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