Título em Portugal: Fruitvale Station: A Última Paragem
Data de estreia: 30.01.2014
Oscar Grant III foi morto a tiro por Johannes Mehserle - um agente da BART (Bay Area Rapid Transit Police Department) - a 31 de Dezembro de 2008 / 1 de Janeiro de 2009 na estação de Fruitvale em Oakland. Esta morte foi registada por múltiplas câmaras e telemóveis e teve repercussões várias e inéditas na história recente dos EUA. Pelo mediatismo que o crime teve, pela justiça ou ausência dela, ou simplesmente porque permitiu que casos como o (mais recente) de Trayvon Martin - lembrassem à Democracia criadora da Décima Terceira Emenda da Constituição, que ainda há muito a fazer no que diz respeito à liberdade, à igualdade e aos direitos entre raças ou etnias. Um documento escrito continua a não ser suficiente para substituir chicotes.
Fruitvale Station é o primeiro filme de Ryan Coogler e retrata as últimas horas de vida de Oscar Grant III. A história do jovem de 22 anos está documentada e a morte foi filmada em directo. Coogler com plena consciência do mediatismo que este episódio teve, anuncia logo nos primeiros minutos do filme que vai abordar a morte de Grant. O realizador faz igualmente uma ode ao uso das tecnologias - que neste caso - foram determinantes como testemunhas principais de um crime.
Oscar Grant é muito bem interpretado por Michael B. Jordan, um jovem e promissor actor, que há muito anuncia o seu talento. Os seus papéis em séries como The Wire ou Friday Night Lights são prova máxima disso.
Durante 90 minutos assistimos à sobrevivência de alguém que já esteve preso e que luta por ter uma vida calma, séria, trabalhadora e sobretudo alguém que luta pela protecção e futuro da filha. Mas apesar desta tentativa de redenção pessoal, Óscar continua a ser problemático e ao seu lado a lado continuam a circular drogas e crimes e sobretudo o seu passado.
Ryan Coogler não fez um drama vulgar, o realizador quase fez um documentário. Emoção é a palavra chave para descrever este filme. Sabemos como a "história" vai acabar, mas ao mesmo tempo, desejamos que Oscar consiga levar uma vida melhor, criamos empatia com a namorada e com a mãe e tememos pelo futuro da filha.
Fruitvale Station é um filme sólido, com um excelente ritmo e muito bem editado. Dotado de uma fotografia exemplar e recheado por uma edição de som e banda sonora, pensadas ao detalhe. Nota-se claramente que o realizador investigou bem o caso e curiosamente não demoniza o polícia. A dúvida da culpa ou premonição do crime fica a pairar no ar. Fruitvale Station é a reconstituição de um evento verídico que não devia ter acontecido. É a montra de uma tragédia americana contemporânea e verídica. Facto este que o torna uma declaração cinematográfica que aborda questões para as quais existem poucas ou quase nenhumas respostas. Respostas que foram registadas através das novas tecnologias, mas perante as quais a Deusa insiste em manter os olhos vendados.
Nota:
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