01/10/2014

Gone Girl | David Fincher. 2014

Título em Portugal: Em Parte Incerta
Data de estreia: 02.10.2014























Duvido que exista algum leitor deste blog (se é que existem) que não esteja familiarizado com a obra de David Fincher. No entanto, sinto que tenho a obrigação prévia de a enumerar de forma resumida. É o mestre por detrás de obras superiores como Fight Club, Seven, The Game, e mais recentemente The Girl with the Dragon Tattoo

Um cineasta poderoso no que diz respeito à criação de thrillers tensos e atmosferas repletas de suspense. Gone Girl não desilude e é exequível de catalogar, indexar e descrever no modus operandi fincheriano

Gone Girl é a adaptação cinematográfica do livro homónimo de Gillian Flynn, que também assina o argumento. A história começa com o desaparecimento de Amy Dunne (Rosamund Pike). Depois, através de cortes cronológicos na narrativa, assistimos ao antes e ao durante do “trágico evento”. Tanto o espectador como os meios de comunicação social vão examinar escrupulosamente o casamento de Amy e Nick (Ben Affleck). Ao longo do filme vimos a história através de vários pontos de vista da história, sendo que os mais interessantes são os do casal. 

Tal como o livro, o filme desenvolve-se de dois tempos diferentes. Até meio somos assolados com a incerteza e a interrogação e no segundo tempo somos assolados com a certeza do que aconteceu e de quem é a culpa. 

Gone Girl é complexo, recheado de reviravoltas que revelam constantemente coisas novas sobre as personagens. Revelações que obrigam o espectador a repensar a história e as personagens. Ao longo do filme existem pequenos apontamentos de humor negro que combinam perfeitamente com o tom da história que Fincher conta. 




Uma menção especial à banda sonora do filme. Criada de raiz e de forma meticulosa por Trent Reznor e Atticus Ross. As músicas decoram o filme de forma extraordinária e em momento algum é desnecessária ou impropria. É o adorno perfeito para um filme visualmente deslumbrante e com um ritmo irrepreensível. 

A autora adaptou o seu próprio livro a um argumento que faz uma análise ao casamento moderno e à fragilidade humana. Temas que não são estranhos a Fincher - que é capaz de cinematografa-los como poucos conseguem. À crise matrimonial e mostra de desaires psicóticos, Flynn e Fincher acrescentam a crise económica, política, de valores e sobretudo à maquinação dos media em situações extremas. 

A toda esta ensaiada e afinada sinfonia, junta-se a mestria dos actores principais. Sou suspeita a falar sobre Ben Affleck, porque sou grande fã e crente, mas acho que como Nick Dunne está fabuloso. É calmo, controlado, sexy e dotado de um charmoso e negro senso de humor. Mas é Rosamund Pike a surpresa e estrela do filme. A actriz que geralmente representa personagens pouco importantes em filmes pouco significativos, revela-se versátil e portadora de um talento imprevisível. Neste filme, Pike destaca-se em todos os aspectos e para muitos será uma possível candidata aos Óscars. 

Gone Girl é mais uma prova do talento de David Fincher. A história não é revelada na totalidade e ao mesmo tempo brinca com as percepções das personagens e da história em si. É um quebra-cabeças. 

Não posso garantir que todos irão gostar do filme, mas posso assegurar que quem gostou do livro, vai sair do cinema com um sorriso maléfico e totalmente satisfeito. 

Nota:




"I met a boy, a great, gorgeous dude, a funny, cool-ass guy…He is the kind of guy who carries himself like he gets laid a lot, a guy who likes women, a guy who would actually fuck me properly. I would like to be fucked properly!” 





Sem comentários:

Enviar um comentário