30/06/2013

Opinião | Man of Steel | Zack Snyder. 2013

Título em Portugal: Homem de Aço
Data de estreia: 27.06.2013 





Nascido em Krypton, o recém-nascido Kal-El não chega a conhecer o seu planeta natal - os seus pais: Lara Lor-Van (Ayelet Zurer) e  Jor-El (Russell Crowe) tomam a difícil decisão de enviar o seu filho para um planeta desconhecido denominado Terra, pois sabem que Krypton está à beira da destruição. Na Terra, Kal-El é criado por  Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane) e passa a chamar-se Clark Kent (Henry Cavill). 

Enquanto cresce, Kent percebe que não é um ser humano comum. A sua força sobrenatural amedronta aqueles que o rodeiam por perto, mas perturbam especialmente o jovem. Os pais sempre lhe pediram para esconder os seus poderes do mundo, mesmo que isso implique a impossibilidade de salvar a vida de alguém. As dúvidas sobre a sua diferença, fazem com que Clark se torne um homem isolado e frustrado. Resolve procurar as respostas para as suas perguntas, mas cedo percebe que pode usar os seus poderes para salvar a humanidade. 

Os seus poderes não passam despercebidos a Lois Lane (Amy Adams) - a destemida jornalista do Daily Planet, que depressa percebe que Clark não é "normal" e decide investigá-lo. Pelo meio, o General Zod (Michael Shannon) - compatriota de Ken, que vem à Terra, à procura de um novo lar para o seu destruído planeta e encontra Kal-El, um ser com poderes semelhantes aos seus. 
A ameaça de Zod é tão temível que aos humanos não resta outra hipótese a não ser a de confiar as suas vidas e destino do Planeta a um homem que passam a denominar Super-Homem. 




Ohhhh como isto por escrito soa melhor do que na verdade é.
Zack Snyder realizou e Christopher Nolan foi um dos que escreveu. Para muitos dos fãs extremistas e cegos, esta conjugação de forças é a melhor coisa do mundo desde a instrumentalização da roda. Lamento, para mim, representou 143 minutos divididos em três sonecas de uns dois minutos cada. 

As falhas são tantas. As abordagens científicas são mencionadas mas, não são explicadas. Um planeta que está em destruição tem "quilos de naves" que não são usadas para fuga. A menção a um Codex que nunca se percebe bem o que é... etc, etc, etc. 
Percebo a necessidade de fazer um rewind numa história que se pretende contar do zero, mas já não há paciência para a exploração e utilização extrema de problemas emocionais, dramas existenciais e traumas de infâncias dos super heróis. 

Não sei quem achou boa ideia os cortes narrativos e temporais num filme deste género. Não funciona. A quebra temporal entre cenas - sobretudo em cenas com acção -  e cenas de chorar as pedras da calçada, têm um sentido inverso àquele que me parece ser o seu objectivo final - a explicação ou justificação da narrativa. 
O Super-Homem sempre foi o herói com que menos me identifiquei, em parte porque sempre achei ridículo que ninguém reconhecesse no jornalista o herói. Uns óculos e um caracol na testa servem para disfarçar alguém? Por favor. Aqui, ainda pior, sem caracol e sem cuecas vermelhas.

Toda a competência que o filme tem nas cenas de acção e nos efeitos especiais é perdida nos momentos em que as sequências são mais lentas. Henry Cavill é terrivelmente bonito, mas pouco expressivo - o que estranhamente faz sentido e encaixa bem no filme. 
Esperava muito mais de Amy Adams e Michael Shannon é um vilão competente mas que depois de tanta luta e de quase destruir a humanidade, morre com um pescoço partido. No entanto, a fraca prestação de Amy e a patética morte de Shannon, não são erros cometidos pelos próprios, mas sim por quem os dirigiu. Ok, podem argumentar que o defeito é meu, pois não consigo desligar o botão do racional e não mergulho no mundo do sobrenatural heróico da BD. Mas desliguei noutros filmes e neste nem sequer me apeteceu.

Quando olho para um Robert Downey Jr. como Iron Man, vejo uma unidade, um actor sobejamente conhecido que pegou num monte de ferro e transformou-o como seu, deu-lhe alma. Aqui vejo Charles Brandon, Duque de Suffolk com um fato de lycra e gel com purpurina no cabelo. E cada vez que Russell Crowe aparecia no ecrã, só temi que de repente surgisse um "AND I'M JAVERT, DO NOT FORGET MY NAME, DO NOT FORGET ME"
Na verdade, penso que o grande problema deste filme é pura e simplesmente um problema genético  Clark Kent é um super homem, com super poderes, filho de dois personagens míticos que roubam aos ricos para dar aos pobres - Robin Hood



Nota:



1 comentário:

  1. Eu sou mais Marvel que DC e realmente o RDJ como Iron Man é Shakespeare ao pé disto! Ainda assim achei o filme infinitamente melhor que aquela "coisa" chamada Superman Returns que o Bryan Singer inexplicavelmente fez.

    Consigo perceber a maior parte das escolhas que as personagens fazem a dada altura (por exemplo, fica a ideia que os habitantes de Krypton ficaram mentalmente atrofiados à conta de tantas gerações a serem o produto de engenharia genética). Ainda assim:

    1. Aquela parte dos fetos "plantados" nas câmaras de génese era Matrix sem tirar nem pôr. Eu se fosse aos manos Wachowski estava a ligar ao advogado!

    2. Em vez de executar os insurrectos enfiam-nos numa nave espacial gigantesca? Estava-se mesmo a ver onde isto ia dar.

    3. MAS PORQUE RAIO é que o Jor-El tem de explicar ao Zod todos os passos do plano para salvar o bebé? Síndroma "Vilão James Bond" ao contrário.

    4. E tenho de dizer que ao menos merecem aplauso por resolver a maior idiotice da história do Super-Homem: querer fazer-nos acreditar que a Lois Lane não percebia que o Super-Homem e o Clark eram a mesma pessoa...

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