“The beginning of my writing process is I just try to remember as much stuff as I can and write them down on single 5x7 cards. I don’t think about structure, I don’t think about Final Draft, which is the software you write scripts in, and I’m just compiling, compiling, compiling and I have a character stack and those were the Jamie stuff…. [but] as a guy talking about women, I was very worried and wanted to find where my limitations were and sort of make them part of the piece. And also writing is such an isolating practice, it’s such a horribly isolating practice, I was desperate just to go and meet other people and kind of work in a slightly more journalistic way, and do interviews and try to find little nuggets of details I could insert in my story. … I like that, it’s slightly documentary, slightly journalistic flavor to the writing practice and it gets you out of your little cell.”
– Mike Mills
Mulheres do Século XX (título nacional) conta a história de cinco pessoas que vivem na mesma casa, em Santa Barbara no verão de 1979. Aborda a forma como lidam com conflitos pessoais e interpessoais num mundo que está em rápida mutação.
Uma mãe solteira (e tardia) Dorothea (Annette Bening) é a dona da casa, Jamie (Lucas Jade Zumann) é o filho, a inquilina é a fotografa punk e sobrevivente de cancro Abbie (Greta Gerwig). Depois há um sensível handyman chamado William (Billy Crudup) e por fim, existe uma habitante (mais ou menos) temporária, a vizinha e melhor amiga de Jamie, Julie (Elle Fanning). Para Dorothea esta conjugação de pessoas é a mais indicada para a ajudarem na missão difícil de educar o filho. O tema da educação é uma constante mas nunca é abordado de forma forçada ou pesada e cabe à personagem de Anette a gestão desta relação.
Annette Benning dá ao filme uma performance magnifica e melancólica como a mãe solteira que tenta encontrar um equilíbrio entre a criação do seu filho adolescente e o dar-lhe a liberdade necessária ao crescimento e que tem como objectivo máximo garantir que Jamie se torne num ser humano decente. Esta mixórdia de gente peculiar é sublime.
O elenco é fabuloso mas Benning dá uma lição ao mundo sobre o que é ser actriz. Até nas pausas magistrais e silêncios é exímia e Gerwing mostra mais uma vez porque é que é uma das melhores actrizes da sua geração.
Se é no elenco que a força do filme reside, também a realização e escrita não podem ser colocados de parte. Tal como em Beginners, Mike Mills mostra muito de si e da sua vida neste filme. Na película de 2010, Mills deu-nos a conhecer o pai e neste passamos a conhecer a mãe. Se esperam ver um filme sobre família, sobre valores institucionais e pré-estabelecidos, esqueçam, não o é. É um filme sobre mudança, sobre a quebra de paradigmas, sobre uma geração (a de Dorothea) que cresceu durante a Depressão e que assiste à mudança drástica do Mundo.
Filmado e editado de forma detalhada e bonita, 20th Century Women é vibrante, fresco e aborda de forma leve, assuntos relevantes da época e que ainda hoje são determinantes para compreendermos a história contemporânea dos Estados Unidos e de uma cultura que o resto do Mundo importou.
Todo o filme é mergulhado em detalhes absolutamente divinas. As referencias à cultura dos últimos anos da década de 70 - desde o famoso discurso de Carter, Crisis of Confidence até ao punk undergroung ou a new wave, passando e muito por referências literárias como Our Bodies, Ourselves ou The Second Sex de Simone de Beauvoir. Detalhes determinantes para complementarem o argumento.
20th Century Women é uma lição sobre como todos nós somos a soma das pessoas significativas que encontramos ao longo da vida.
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